domingo, 11 de maio de 2008

Uma mulher chamada: Mãe

Em julho de 1994, dois meses depois da morte de Ayrton, Owen o piloto particular da família, levara dona Neyde e Viviane para Portugal, para que desmontassem a casa do Algarve. Passada uma década, ele ainda tinha a foto que fez com as duas junto à escada do avião. Três leves sorrisos que misturavam tristeza e resignação. Dentro da casa, naquele dia, dona Neyde parecia ansiosa, à procura de algo que não encontrava. Juracy, que ajudava no empacotamento, percebeu e perguntou se podia fazer algo por ela. Na resposta, o tamanho da saudade: - Estou procurando alguma roupa dele que não tenha sido lavada... Juracy tinha o que dona Neyde procurava: um cardigã bege de lã grossa que Ayrton usara pouco antes de morrer. Ao receber a roupa das mãos de Juracy, Neyde abraçou o casaco como se fosse gente e ficou cheirando até as lágrimas. Mais tarde, na cozinha da casa, ela revelou um desejo:- Juracy, só te digo uma coisa: quando eu morrer, assim que eu morrer, assim que eu terminar de morrer, quero correr tanto, mas tanto, que enquanto eu não encontrar o meu filho eu não paro...

[do livro "Ayrton: o Herói Revelado"]





- Mamãe, vi um filhote de furacão, mas tão filhotinho ainda, tão pequeno ainda, que só fazia mesmo era rodar bem de leve umas três folhinas na esquina.

[Clarice Lispector in "Menino"]



Eu não sabia que existia
Esse outro parto de partir
E me deixar na beira do cais
Filho sempre meu não mais

Eu não sabia que teria
Que ter você pela segunda vez
Dar a luz a arte e ao mar
E a tudo mais que você sonhar

Solta da minha mão
Leva o seu violão
Dentro do mochilão
Leva também o meu coração

Eu não sabia que existia
Esse outro parto de partir
E me deixar na beira do cais
Filho sempre meu não mais

Eu não sabia que teria
Que ter você pela segunda vez
Dar ao mundo e a tudo que há
E a tudo mais que você criar

[Paula Toller]



Por que você é Flamengo
E meu pai Botafogo?
O que significa
"Impávido colosso"?

Por que os ossos doem
enquanto a gente dorme?
Por que os dentes caem?
Por onde os filhos saem?

[Paula Toller]

Não sentiria nada se meu pai nunca
mais olhasse na minha cara.
Mas nunca mais ouvir "minha filha"
na voz acolhedora da minha mãe
talvez seja o mais perto
da solidão da morte que já cheguei.

[Bruna Surfistinha]

2 comentários:

Anônimo disse...

Ficou linda sua página em homenagem às mães. Parabéns!!! O show da Bruna foi lindo, quando couber coloque a música que ela canta pra vc, ok...

Beijos,
Cristian

Sensação


Vem me retratar com o seu próprio olhar
Fotografar esse mesmo lugar
E revelar uma determinada expressão
Emoldurada aqui nessa canção

Vem prende essa imagem num momento seu
E eu represento esse minuto seu
E assim eu posso ser o ator de sua sensação
Soltar a sua própria emoção

E como ator eu canto
Como cantor eu represento
A vida que você quer ter
E não devia mais conter

Vem ainda é tempo pra se descobrir
E vir se ver ou vir por vir
Para tocar também com o olhar e com a mão
O que tanto tocou seu coração

Vem prende essa imagem num momento seu
E eu represento esse minuto seu
E assim eu posso ser o ator de sua sensação
Soltar a sua própria emoção

E como ator eu canto
Como cantor eu represento
A vida que você quer ter
E não podia mais conter
Bruna Caran

Unknown disse...

Sô,
Simplismente mágico, sensível...mas intenso.
Não tive oportunidade de ler todo o seu blog(mas vou ler!), mas é lindo!
Beijos.
(Silmara-Cef)